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há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

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segunda-feira, 16 de maio de 2016



que corpo é este?
tenho de ocultar a luz que irradia
da casa a toda volta
a noite é variável
onde cai a chuva o lampião acende
uma fogueira
os números por vezes não se ordenam
o corpo não é certo
em cada intervalo se abre a voz
as horas dormem como um pesadelo
sólidas estáveis
não escritas
não posso nada forte
ele não permite mais devastações
os tempos estão muito enganados
ele quer a casa em simultâneo
a voz a casa a noite
numa catarata
e é de água que se trata
uma ânfora com uma fractura
mais bela quanto mais inútil
ele manda que não durmas
a terra está em rotação
e há um pêndulo no meio da casa
escreves com o corpo que se dobra
a cabeça à frente dois olhos simultâneos
um boca dentro junto à mão
dificilmente escreves
os lugares são inconciliáveis
e o silêncio lentamente se amotina
acontece algo de novo? afinal
ele manda-te parar e logo estacas
como um cão de guarda


Carlos Poças Falcão
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