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há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

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segunda-feira, 14 de julho de 2014


Eu vi morrer três pessoas:
a uma acompanhei até ao fim,
no que seria talvez o que lhe restava de vida
ou porventura o que lhe sobrava de morte;
outra morreu quando eu dormia,
longe do hospital:
e tive que atravessar pela madrugada
uma cidade estrangeira
para chegar à sua morte;
e meu Pai, enquanto eu ia
comprar-lhe uma garrafa de oxigénio,
que nunca soube a quem serviu depois.

Nós nunca vemos ninguém morrer,
porque morrer é por dentro de cada um,
como talvez tudo o que tenha algum sentido,
como talvez o amor.

O que verdadeiramente importa
é opaco ao nosso olhar
e cada prova que vivemos
é só e única:
morrer ou ver morrer
e o amor também.

Luís Filipe C. Mendes
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sexta-feira, 4 de abril de 2014

Amor, tenho saudades de outra vida
feita só de mil dias transparentes:
Não te esqueças de mim se vires perdida
esta voz nas palavras mais ausentes.

Porque é perto da morte que escrevemos,
cada verso contém uma ameaça:
e a ternura maior que nos dizemos
é feita de penumbra fria e baça.

Se a voz se dá no verso e na medida
é medo, meu amor, mais que vontade:
o verso nada pode contra a vida;
sabê-lo é a nossa liberdade.

É medo que nos versos esconjuro,
como riso vibrando no escuro!

Luís Filipe C. Mendes
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