________



há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________


Mostrar mensagens com a etiqueta José Mário Branco. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta José Mário Branco. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 17 de outubro de 2017



A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes

São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Ensinas-me fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas

Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
Pra ficar pelo caminho

Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda


José Mário Branco
________________________________________________________________________________________________________________________________


terça-feira, 6 de maio de 2014

Onde vais ó caminheiro
Com o teu passo apressado
Onde vais ó caminheiro
Com o teu passo apressado
Vou ao cais do terreiro
Ver o rei Sebastião primeiro
Num lençol amortalhado
Voltou no seu veleiro
No nevoeiro
Sem leme nem gageiro
E com o casco arrebentado

Onde vais ó caminheiro
Com o teu passo apressado
Com teus olhos em braseiro
E teu rosto afogueado
Vou ao cais do terreiro
Ver o rei Sebastião primeiro
Por alcunha a desejado
Voltou no seu veleiro
No nevoeiro
Sem leme nem gageiro
Num lençol amortalhado

Onde vais ó caminheiro
Com o teu passo apressado
Porque levas caminheiro
tanta pressa no cajado
Vou ao cais do terreiro
Ver o rei Sebastião primeiro
Num lençol amortalhado
Voltou no seu veleiro
No nevoeiro
Esperado primeiro
E depois desesperado

Onde vais ó caminheiro
Com o teu passo apressado
Que traz ó caminheiro
Esse príncipe encantado
Vou ao cais do terreiro
Ver o rei Sebastião primeiro
À tanto tempo esperado
Voltou no seu veleiro
No nevoeiro
Sem glória nem dinheiro
Num lençol amortalhado

Onde vais ó caminheiro
Com o teu passo apressado
Era príncipe ou sendeiro
Sebastião o desejado
Vou ao cais do terreiro
Ver o rei Sebastião primeiro
Num lençol amortalhado
Era príncipe herdeiro
Nevoeiro
O príncipe agoireiro
o príncipe mal esperado

Onde vais ó caminheiro
Com o teu passo apressado
Porque paras caminheiro
Se é Sebastião finado
Voltou no seu veleiro
No nevoeiro
Sem leme nem gageiro
Num lençol amortalhado
Vou ao cais do terreiro,
Nevoeiro,
Pra ficar bem certeiro
De que é morto e enterrado

José Mário Branco
________________________________________________________________________________________________________________________________

domingo, 6 de abril de 2014

A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes

São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Ensinas-me fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas

Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
Pra ficar pelo caminho

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda.

 José Mário Branco

_____________________________________________________________________________________________________________________________