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há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

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sexta-feira, 9 de maio de 2014


«… Gaivota, o mundo tem muitos anjos, andam por aí como lascas de luz a amparar as almas, sabem de nós o que Deus lhes disse, por isso sabem de nós, o que nós de nós não sabemos. Sabem quantos caminhos nos cruzam por dentro e a probabilidade de nos perdermos, por isso estão em cada encruzilhada a vigiar as nossas decisões, as nossas audácias, sabem para onde vamos, caminham connosco mesmo quando estamos perdidos, sobretudo quando estamos perdidos, e pegam-nos na mão quando caímos em desespero. Por isso acredita, há um anjo que te pega na mão e que sabe os teus caminhos - fecha os olhos, sente-o, escuta-o, há uma lasca de luz a amparar-te a alma. Quase nunca a vemos, é invisível, intangível, mas repara, por vezes pode estar dentro de um amigo, é que os anjos pedem a mão emprestada para nos acariciarem, para nos tocarem na carne, eles que não têm carne. São gestos humanos, mas afagos divinos que nos salvam. Queria ser a mão do teu anjo e salvar-te, mostrar-te o caminho! Gaivota, queria ser a mão do teu anjo, libertar-te dessa escuridão em que te deitas, desse sonho apagado em que te escondes… »


João Morgado
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segunda-feira, 31 de março de 2014

Os lábios estavam nus sobre os meus, ternamente amolgados sobre os meus; quentes e húmidos como uma onda desmaiada em praia solarenga. Tinham um sabor adulto e uma rugosidade rubra que me estremecia. A sua boca pegava no meu lábio inferior e saboreava-o como se fosse um rebuçado; uma vez chupando, outra vez trincando, outra vez saboreando apenas com a língua. Acordei com os lábios da Gaivota sobre os meus lábios de rebuçado enlambuzado; acordei com a minha boca na boca quente da Gaivota.

As minhas mãos acordaram também no corpo dela, na sua pele quente, no quente do seu abraço. E a minha língua raspou a rugosidade rubra dos lábios dela. Era Agosto na sua boca. De repente tomei consciência do beijo e abri os olhos… Ela ria, como se riem as crianças divertidas, com o seu ar inocente de quem brinca.

João Morgado
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