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há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

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sexta-feira, 1 de abril de 2016



Tremeluzem os Astros do Céu nítido:
Dona Cigarra faz serão.
Como há-de ela dormir, se a vida é curta?
– Cigarra que se preza, quando morre,
não deve estar a meio da canção.

Ninguém pára a saber por que é que ela canta.
Ninguém lhe dá ouvidos nem conforto.
Melhor, assim: assim, não perde tempo
Quem não pode cantar depois de morto.
A parte que lhe coube por destino,
tem de morrer deixando-a já cantada.
Que faz que não a escutem nem lhe acudam?

É preciso é sentir que se está vivo.
É preciso é que as asas que sosseguem
o tenham merecido.


Sebastião da Gama
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quarta-feira, 2 de julho de 2014


Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu
nem houve estrelas a mais…
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém…
para que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha mãe.

Sebastião da Gama
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sexta-feira, 13 de junho de 2014


Meu país desgraçado!...
E no entanto há Sol a cada canto
e não há Mar tão lindo noutro lado.
Nem há Céu mais alegre do que o nosso,
nem pássaros, nem águas ...

Meu país desgraçado!...
Por que fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?

Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
— busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.

E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.

Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclama filhos mais robustos!

Povo anêmico e triste,
meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
— olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam!

Sebastião da Gama
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