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há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015


Preciso que me olhes nos olhos
Que me dispas em teus lábios
E me conheças, além das palavras
Preciso que me olhes nos olhos
Que me arranques suspiros e tremores
E teu gosto fique em mim, depois do amor.


Fernanda Guimarães
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quarta-feira, 22 de outubro de 2014


E escolhi seguir, a despeito de tudo
Tu permaneces com tuas dúvidas
Consumindo-te em dores tardias
Ainda que saibas que é vã a esperança
Não me peças que te fite mais uma vez
Em meus olhos, já não te encontrarias
Não penses que parto, sem olhar em volta
A tristeza também caminha na ponta dos pés
Embora tu a chames de indiferença
Não me peças mais palavras, nem motivos
Liberto-te de mim, do meu eterno vazio
Da solidão do viver ao meu lado
Minhas mãos já não te cabem
E teu carinho me fustiga a pele
Não mais condenes o teu coração
A te amar por mim, como sempre fizeste
Saio também com passos desalinhados
Mas não quero mais acalmar os vendavais
Encolhendo-me no conforto da aparência
Cansei de esconder lágrimas em sótãos
E de ocultar a insatisfação em sorrisos frios
Há no meu coração marcas indeléveis
Lábios torturados pelo silêncio
E um incômodo exílio de verdades
Deixo-te a possibilidade do recomeço
De te perceberes, além de mim.
Em meu peito, levo os dias de sol
Os sussurros da descoberta inocente
O tatear de mãos em meio ao desamparo
A inquietude dos dias distantes
Quando apartados um do outro
Era a saudade a nos esperar
Levo os bilhetes rascunhados de amor
Quando o desejo nos roubava o sono da noite
Também ficará tatuado em mim
O carinho atrevido em horas insuspeitas
O “eu te amo” murmurado em madrugadas
Quando teu coração encostado ao meu
Despertava-me de qualquer sonho
Deixo-te enfim, para que um dia
Possas novamente ouvir estrelas

Fernanda Guimarães
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sexta-feira, 10 de outubro de 2014


Não há apenas a palavra contida
Camuflada no exílio dos lábios,
Cúmplice da confissão adiada.
Quisera que fossem apenas os gemidos,
Os suspiros despidos em noites famintas.

Não há apenas o tremor, a palpitação,
Carícias descalças nas ruas do desejo
Ou transgressões consentidas na febre do olhar
Enviesando as máscaras da sensatez,
Depondo disfarces e a pretensa razão

Há sempre o não suposto, o inesperado
A recordação que se rende ao renunciado
Clandestinas inquietudes a me guiarem
Pela porta entreaberta do meu peito em vigília
Amparando a solidão da insone espera

Há sempre um rosto, um nome
Letras que não alvorecem na folha vazia
O imponderável a pulsar intenções.
Pudessem as mãos escrever, o que se sonha
No diário em que se guarda o coração!

Não há apenas o toque lembrado
Ou a ternura a germinar saudades.
Sabe-me o silêncio, quando sou turbilhão
E quando te deixo, dos meus olhos escapar
Na dor de uma lágrima sem par

Fernanda Guimarães
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segunda-feira, 25 de agosto de 2014


Não digas que conheces minhas dores
Deixas-me com meus desamparos
Não sabes do estio dos meus lábios
E das marcas que abraçam minha solidão
Pedaços de ti que arranham meu corpo

Não penses que é melhor assim
Nem pressuponhas que a saudade finda
Como se o teu silêncio e deserção
Apagassem o perfume do desejo
Ou a inquietude de sentir-te em mim

Não me obrigues a entender a crueldade
Prefiro ignorar esta estrada que dizes destino
Não quero dar-te ao esquecimento dos sentidos
Nada sei destas trilhas em que sucumbes
Soterrado pelos passos que te negas

Não me convides às tuas renúncias
Nem me batizes nestas águas
Que sangram e definham teu peito
Tenho ardores de vida que me cingem
Férteis à espera que te resgates de ti

Não me amputes de mim, dos meus sonhos
Nem me indiques tuas confortáveis saídas
Prefiro o rasgar de entranhas, a febre do sentir
Ao discurso patético do conformismo
Lanço à fogueira, a impotência, o desistir

Sim, hoje estou em carne viva
Palavras à flor da pele, despindo-se
Ainda que seja este um grito confinado
Ao subterrâneo do meu mundo
Este que já não te alcança.

Fernanda Guimarães
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