Se te lançares em pleno amor
as palavras da água são diferentes
e a coragem de perder deve estar perto.
Se consentires no sal que tudo ilude,
abre bem os braços e as mãos
para que nada escape ao crucifixo, à
queda selvagem dentro de outro. Conta
as folhas do milagre e pronuncia outono,
assimila os longos olhos das palavras
e perde, perde tudo. Abre e fecha a boca
como um peixe que em breve irá morrer.
Depois, procura um som que nunca ouviste,
e cai.
Isabel Cristina Pires
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