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há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

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quarta-feira, 18 de novembro de 2015


Que teus olhos, Menino, ensinem largueza
e altura aos meus olhos

Que teus olhos curem os meus
da fadiga e dos seus filtros

Que teus olhos desimpeçam a visão
fragmentária, parcial e indecisa

Que teus olhos devolvam aos meus olhos
o vento azul da viagem e a sua alegria
Devolvam o real como anel aberto
em vez dos círculos obsidiantes e fechados
Devolvam o aberto como imagem
e programa

Que teus olhos, Menino, ensinem aos meus
o seu natal

José Tolentino Mendonça
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domingo, 9 de agosto de 2015


O corpo tem degraus, todos eles inclinados
milhares de lembranças do que lhe aconteceu
tem filiação, geometria
um desabamento que começa do avesso
e formas que ninguém ouve
O corpo nunca é o mesmo
ainda quando se repete:
de onde vem este braço que toca no outro,
de onde vêm estas pernas entrelaçadas
como alcanço este pé que coloco adiante?
Não aprendo com o corpo a levantar-me,
aprendo a cair e a perguntar.

José Tolentino Mendonça ________________________________________________________________________________________________________________________________

sexta-feira, 17 de outubro de 2014


Se tiveres de escolher um reino
escolhe o relento
a noite tem a brancura do alabastro
ou mais extraordinário ainda

Ao que vem depois de ti
cede o instante
sem pronunciar
seu nome

José Tolentino Mendonça
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sexta-feira, 26 de setembro de 2014


Um nome arde tanto
de repente todos os caminhos parecem de regresso
a vida por si mesma não se pode escutar demasiado
a vida é uma questão de tempo
um sopro ainda mais frágil

a rapariga desce à pequena praça,
compra uma flor para ter na mão
uma forma intemporal de conservar
a perfeição ou a incerteza


Rui Pires Cabral
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