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há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

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domingo, 19 de junho de 2016



Quando em meu mudo e doce pensamento
chamo à lembrança as coisas que passaram
choro o que em vão busquei e me sustento
gastando o tempo em penas que ficaram.
E afogo os olhos (pouco afins ao pranto)
por amigos que a morte em treva esconde
e choro a dor de amar cerrada há tanto
e a visão que se foi e não responde.
E então me enlutam lutos já passados,
me falam desventura e desventura,
lamentos tristemente lamentados.
Pago o que já paguei e com usura.
Mas basta em ti pensar, amigo, e assim
têm cura as perdas e as tristezas fim.


William Shakespeare
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quinta-feira, 5 de maio de 2016



Tu, cego e tolo Amor, que fazes aos meus olhos,
Que não veem o que está diante deles?
Eles conhecem a beleza, e sabem onde ela jaz,
Embora o bem nos custe tão caro.
Se os olhos, corrompidos pela parcialidade,
Ancorassem na baía onde todos trafegam,
Por que da falsidade de teus olhos forjaste ganchos,
Para prender a eles o que julga o meu coração?
Por que deve meu coração prever este ardil,
Sabendo ser o lugar-comum deste grande mundo?
Ou meus olhos, ao verem, digam, não é verdade,
Para emprestá-la a uma face tão vil?
No que era certo, erraram meus olhos e meu coração,
E agora a esta falsa praga se entregam.


William Shakespeare
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domingo, 10 de abril de 2016



De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.

Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.

Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.

Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.


William Shakespeare
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segunda-feira, 30 de novembro de 2015



É teu desejo que tua imagem mantenha abertas
Minhas pesadas pálpebras nesta fatigada noite?
Desejas que meu sono se quebre,
Enquanto as sombras zombam ao me ver?
É teu espírito que envias até a mim
Tão longe de casa, para me bisbilhotar,
Para desvendar meus erros e ociosas horas,
Mantendo vivo e aceso o teu ciúme?
Ah, não! Teu amor, mesmo imenso, não é tão grande;
É meu amor que deixa meus olhos despertos,
Meu amor verdadeiro que corrói meu descanso,
Para manter-me em vigília por tua causa.
A ti vigio, enquanto ao longe despertas,
Tão distante de mim, e de outros, tão perto.

William Shakespeare
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terça-feira, 27 de outubro de 2015


Como voltar feliz ao meu trabalho
se a noite não me deu nenhum sossego?
A noite, o dia, cartas dum baralho
sempre trocadas neste jogo cego.
Eles dois, inimigos de mãos dadas,
me torturam, envolvem no seu cerco
de fadiga, de dúbias madrugadas:
e tu, quanto mais sofro mais te perco.
Digo ao dia que brilhas para ele,
que desfazes as nuvens do seu rosto;
digo à noite sem estrelas que és o mel
na sua pele escura: o oiro, o gosto.
Mas dia a dia alonga-se a jornada
e cada noite a noite é mais fechada..

William Shakespeare
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terça-feira, 14 de abril de 2015


Ah, que olhos pôs Amor na minha cara
mas sem correspondência a fiel vista?
Ou se a têm, meu juízo onde é que pára
que em tão falsas censuras inda insista?
 
Se é belo o que meus olhos falso adoram
que quer dizer o mundo em negação?
E se não é, amor mostra se goram
seus olhos, menos fiéis que os homens: não,
 
como pode? Como pode, se pranto
e espera o afectam, ser fiel no olhar?
De erros da minha vista não me espanto,
o sol não vê até o céu limpar.
 
Manhoso amor, com choros pões-me cego,
mas vendo bem, a tuas faltas chego.

William Shakespeare
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segunda-feira, 9 de junho de 2014


De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.

Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.

Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.

Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.

William Shakespeare
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sexta-feira, 21 de março de 2014



My mistress' eyes are nothing like the sun;
Coral is far more red than her lips' red;
If snow be white, why then her breasts are dun;
If hairs be wires, black wires grow on her head.

I have seen roses damasked, red and white,
But no such roses see I in her cheeks;
And in some perfumes is there more delight
Than in the breath that from my mistress reeks.

I love to hear her speak, yet well I know
That music hath a far more pleasing sound;
I grant I never saw a goddess go;
My mistress when she walks treads on the ground.

And yet, by heaven, I think my love as rare
As any she belied with false compare.

William Shakespeare
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