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há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

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sábado, 16 de dezembro de 2017



Há um sol de cavalo nas ruas e nos olhos
há um cavalo de sol nos campos e nas cores
e a tua língua embriaga-se de sabores tão verdes,
Como as maçãs da infância das tias e das avós.

Há um sul e há um norte na cabeça do cavalo,
uma agulha se crava no centro do meu cérebro
as minhas vértebras dilatam-se pelo vigor do novo,
por cada pedra ferida e pelo vigor do intenso,
O minério do cavalo, a parede, o incêndio
tudo devora a palavra, tudo #tomba e se centra
no vigor de um alento de primavera verde.


António Ramos Rosa
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quarta-feira, 26 de abril de 2017



É por ti que escrevo que não és musa nem deusa
mas a mulher do meu horizonte
na imperfeição e na incoincidência do dia-a-dia
Por ti desejo o sossego oval
em que possas identificar-te na limpidez de um centro
em que a felicidade se revele como um jardim branco
onde reconheças a dália da tua identidade azul
É porque amo a cálida formosura do teu torso
a latitude pura da tua fronte
o teu olhar de água iluminada
o teu sorriso solar
é porque sem ti não conheceria o girassol do horizonte
nem a túmida integridade do trigo
que eu procuro as palavras fragrantes de um oásis
para a oferenda do meu sangue inquieto
onde pressinto a vermelha trajectória de um sol
que quer resplandecer em largas planícies
sulcado por um tranquilo rio sumptuoso


António Ramos Rosa
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sábado, 24 de janeiro de 2015


Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração


António Ramos Rosa
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sábado, 16 de agosto de 2014


Da grande página aberta do teu corpo
sai um sol verde
um olhar nu no silêncio de metal
uma nódoa no teu peito de água clara

Pela janela vejo a pequenina mão
de um inseto escuro
percorrer a madeira do momento intacto
meus braços agitam-te como uma bandeira em brasa
ó favos de sol

Da grande página aberta
sai a água de um chão vermelho e doce
saem os lábios de laranja beijo a beijo
o grande sismo do silêncio
em que soberba cais vencida flor

António Ramos Rosa
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segunda-feira, 23 de junho de 2014


Terra e noite,
as mãos escavam.
Insistem e desfazem-se
numa fronte ausente.

Na cabeça subsistem
algumas palavras inúteis.

A mão devagar traça
– vai traçar –
uma rede de sinais de que dependo.
A luz descobre o corpo.

Algumas palavras a mais desaparecem.
Neste instante
a pedra é nua.

António Ramos Rosa
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quarta-feira, 11 de junho de 2014


Todos os dias me apoio em qualquer coisa
ando, como, esqueço
alguma coisa aprendo
e desaprendo
alguma coisa limpa nua grave

surge
ao lado passa
eu não sou este desejo
que às vezes arde
alto sobre o chão

António Ramos Rosa
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