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há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

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sábado, 25 de julho de 2015


Si te quiero, en mi casa sin llamar
puedes entrar.
Pero fíjate muy bien:
te acostaré en bolsas de paja — susurrante paja
que suspira en el polvo.

En un vaso he de traerte el agua fresca,
limpiaré tus zapatos antes de que hayas partido —
acá nadie ha de estorbarnos,
de modo que tranquilamente puedes inclinarte y
remendar la ropa.
El silencio es un silencio enorme. Pero yo te hablo.
Si estás cansado, siéntate en mi silla, la única que tengo.
Si hace calor, quítate corbata y cuello.
Si tienes hambre, acepta como plato un papel blanco;
pero si hallamos algo más,
entonces déjame que también yo coma. También yo,
también yo tengo hambre.

Si te quiero, en mi casa sin llamar
puedes entrar.
Pero fíjate muy bien:
me dolería que después huyeses.


Attila József
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terça-feira, 24 de março de 2015


Do alto do céu um anjo enraivecido
tocou o alarme para a terra triste.
Endoidaram cem jovens pelo menos,
caíram pelo menos cem estrelas,
pelo menos cem virgens se perderam:
foi uma estranha,
estranhíssima noite de verão.
Nossa velha colméia pegou fogo,
nosso potro melhor quebrou a pata,
os mortos, no meu sonho, estavam vivos
e Burkus, nosso cão fiel, sumiu,
nossa criada Mári, que era muda,
esganiçou de pronto uma canção:
foi uma estranha,
estranhíssima noite de verão.
Os ninguéns exultavam de ousadia,
os justos encolhiam-se e o ladrão,
mesmo o mais tímido, roubou então:
foi uma estranha,
estranhíssima noite de verão.
Sabíamos da imperfeição dos homens,
de suas grandes dívidas de amor:
mas era singular, ainda assim,
o fim de um mundo que chegava ao fim.
Jamais tão zombeteira esteve a lua
e nunca foi menor o ser humano
do que foi nessa tal noite em questão:
foi uma estranha,
estranhíssima noite de verão.
Perversamente em júbilo, a agonia
sobre todas as almas se abatia,
os homens imbuíram-se do fado
recôndito de cada antepassado
e, rumo a bodas de um horror sangrento,
seguia embriagado o pensamento,
o altivo servidor do ser humano,
este, por sua vez, mero aleijão:
foi uma estranha,
estranhíssima noite de verão.
Pensava então, pensava eu, todavia,
que um deus negligenciado voltaria
à vida para me levar à morte,
mas eis que vivo e ainda sou o mesmo
no qual me converteu aquela noite
e, à espera desse deus, recordo agora
uma só noite mais que aterradora
que fez um mundo inteiro soçobrar:
foi uma estranha,
estranhíssima noite de verão.


Attila József 
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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015


A minha amada possui a cintura esbelta e firme.
Já estive num avião e de cima ela parece mais pequena
mas ainda que eu fosse piloto assim me agradaria.

Ela própria lava a roupa, a espuma sonha e treme nos seus braços,
ajoelha-se como se rezasse, esfrega o chão
e, ao acabar, ri alegremente.
O seu riso é uma maçã cuja casca morde com estrépito
e também a maçã ri, então, às gargalhadas.
Quando amassa o pão levanta-se ao amanhecer como os padeiros, parentes dos fornos de pão suave
que vigiam com as suas longas pás.
A farinha, ao derramar-se, voa até aos seus peitos livres
onde fica a dormir tranquilamente,
tal como a minha amada no leito perfumado,
depois de esfregar
e de abraçar, até limpar completamente, o meu coração.

A minha esposa será como ela se eu crescer e amadurecer como um homem
e casar-me-ei como o meu pai.


Attila József
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quarta-feira, 29 de outubro de 2014


Quando se faz poesia, o certo
é tudo, menos ela:
em vez de terra, o mar aberto,
em vez de rodas, vela.

Quando se faz poesia, o certo
seria não fazê-la.

Attila József
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