________



há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________


Mostrar mensagens com a etiqueta Lieke Marsman. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Lieke Marsman. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 23 de maio de 2016



Aqui
ergue-te, abre uma janela
com uma mão que sentes, à vista
de alguém que queres sentir,
no reflexo da janela fechada.


Lieke Marsman
________________________________________________________________________________________________________________________________


quarta-feira, 6 de abril de 2016



Se a palavra angústia começasse pela primeira letra do alfabeto em cada língua
Se eu acordada pensasse que iria despertar de repente
Se eu visse constantemente algo mexer-se no canto do olho,
Sendo contudo sempre uma árvore existente
Se eu tivesse medo de repentinamente começar a pensar que
tudo girava à volta da minha pessoa
Se tudo girasse à minha volta
Se eu esperasse que a minha respiração recuperasse espontaneamente
porque me tinha esquecido que já o fazia, como uma criança
que pensa que vai deixar de ter oxigénio durante o sono
Se eu fosse novamente essa criança
Se eu tivesse medo que a partir de agora o tempo deixasse de passar,
o que me obrigaria a ficar neste momento para sempre
Se me culpasse de ser paradoxal, seria logicamente obrigada
a perdoar-me ao mesmo tempo
Se eu pensasse que de repente o mundo se abriria
Sob a forma de um olho de gato ou de uma vagina:

Aqui
ergue-te, abre uma janela
com uma mão que sentes, à vista
de alguém que queres sentir,
no reflexo da janela fechada.


Lieke Marsman
________________________________________________________________________________________________________________________________


quinta-feira, 17 de março de 2016


Não preciso de pôr um ponto final
a algo que está irrevogavelmente suspenso.

Não me devo esconder no rosto de outra pessoa ou
ficar desanimada com isso. Devo projectar algo
que irá descobrir-se ser um mapa, iniciar uma viagem
bela e inesgotável como palavras, como palavras.

Não preciso de abrir uma porta
para a deixar entrar.

Tão-só fechar uma janela
que ela irá querer arrombar.

Lieke Marsman
________________________________________________________________________________________________________________________________