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há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

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terça-feira, 3 de outubro de 2017



É Outono, como sabes.
O chão forrado a vento e ouro
eterniza a última estação
resumida pelo Sol
sobre os meus ombros.

No chão há uma rosa que ninguém conhece.
Essa não sou eu.

No meu colo há um berço.
Junto a ele, o teu nome de neve
percorrido pela música
de Vénus.

Vê.
Dá-me a tua mão.

É tudo quanto eu peço.

Maria Azenha
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sábado, 27 de maio de 2017



O amor é o que nos resta de sagrado, dizia com convicção Cesariny
O amor é o que nos resta de sagrado, dizia com convicção
O amor é o que nos resta de sagrado, dizia com
O amor é o que nos resta de sagrado, dizia
O amor é o que nos resta de sagrado,
O amor é o que nos resta de
O amor é o que nos resta
O amor é o que nos
O amor é o que
O amor é o
O amor é
O amor

O

O amor
O amor é
O amor é o
O amor é o que
O amor é o que nos
O amor é o que nos resta
O amor é o que nos resta de
O amor é o que nos resta de sagrado,
O amor é o que nos resta de sagrado, dizia
O amor é o que nos resta de sagrado, dizia com
O amor é o que nos resta de sagrado, dizia com convicção
O amor é o que nos resta de sagrado, dizia com convicção Cesariny



Maria Azenha
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sexta-feira, 3 de março de 2017



falam dentro de mim as aves
o voo das nuvens no interior dos meus sonhos
habitadas por crianças. muros. frágeis sílabas de orvalho.
tenho caminhado muito . pai. do lado de dentro das ruas
o regresso é haver ontem. casas. tectos.
lâmpadas acesas no interior dos lençóis.
escavo as noites com pérolas . para olhar a treva das águas.

há o que escrevo nas paredes do vento
com a seiva das árvores
vejo toda a eternidade embaciada nos vidros
fechados
das janelas dos teus olhos . que dão para o rio

ninguém sabe onde corre o livro do vapor dos barcos. nem eu própria.
perdi-me
nas asas do escuro do lume. na viagem.

deve haver pássaros espreitando as páginas
que as minhas folhas caídas respiram

lá longe. pai. os dias separam-se com poemas acesos na lua

ardo. ao canto do quarto.
na mansidão do vazio.


Maria Azenha
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terça-feira, 5 de julho de 2016



Conheci o homem mais elegante do mundo
o homem que transformou a minha vida num oratório
é o único homem que não tem nome
as jóias dos seus ossos ouço-as através das paredes
reconheço a sua estatura pelo bater do mar em meu coração.

por vezes a sua voz amável entra em meus pulmões e eu não canto
ressoa numa delicada paloma de âmbar
e a sombra de fogo que vai deixando vai ampliando o céu.
sei então que me abeirei do relicário mais secreto da alma
onde entrego o sangue da sua generosidade a uma gaveta de prata.
sei ainda que aí é possível conceber as gemas de Deus.
quando é escuro e a noite se derrama
tocámo-nos com a devoção de Bach e adormecemos
numa silhueta única.
às vezes crio a ilusão de ele ser meu pai.


Maria Azenha
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