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há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

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terça-feira, 23 de junho de 2015


Foi por ela que amanhã me vou embora
ontem mesmo hoje e sempre ainda agora
sempre o mesmo em frente ao mar também me cansa
diz Madrid, Paris, Bruxelas quem me alcança
em Lisboa fica o Tejo a ver navios
dos rossios de guitarras à janela
foi por ela que eu já danço a valsa em pontas
que eu passei das minhas contas foi por ela
Foi por ela que eu me enfeito de agasalhos
em vez daquela manga curta colorida
se vais sair minha nação dos cabeçalhos
ainda a tiritar de frio acometida
mas o calor que era dantes também farta
e esvai-se o tropical sentido na lapela
foi por ela que eu vesti fato e gravata
que o sol até nem me faz falta foi por ela
Foi por ela que eu passo coisas graves
e passei passando as passas dos Algarves
com tanto santo milagreiro todo o ano
foi por milagre que eu até nasci profano
e venho assim como um tritão subindo os rios
que dão forma como um Deus ao rosto dela
foi por ela que eu deixei de ser quem era
sem saber o que me espera foi por ela

Fausto B. Dias
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terça-feira, 30 de setembro de 2014


Madrugada.
Hora velha
E cansada
Amena.
Os deuses dormem tranquilos,
O sono da inexistência
Nos olhos apagados da cidade,
Ainda hoje serão vistos,
Ainda hoje recriados na memória.
Mas não agora que a madrugada
É toda feita de cansaço.
À mesma hora na metade clara do planeta,
Numa qualquer esquina,
Numa qualquer cidade,
Onde o tempo não tem fome nem idade:
Ele lia o jornal,
Ela parou,
Um dos dois olhou.
"O casamento é muitas vezes anúncio de jornal: Senhora nova deseja conhecer cavalheiro inteligente.
Culto, de boas familias e situação financeira estável. Guarda-se o máximo de sigilo."
Ele lia o jornal,
O sinal mudou,
Ela atravessou,
Num adeus final.
"Estados Unidos da América:
Cientistas afirmam que as explorações espaciais levarão ao progresso do mundo e às portas do céu."
E eu estou aqui sentado,
Pensando que seria bom,
Não ser um homem tranquilo, cansado;
Obrigado a inventar a noite, que bate o ritmo dos dias no coração do tempo.
E no meio da noite uma ameaça traz-lhe a cada hora uma traição,
E no meio da noite uma ameaça traz-lhe a cada hora uma traição,
E no meio da noite uma ameaça traz-lhe a cada hora uma traição,
E no meio da noite uma ameaça traz-lhe a cada hora uma traição,

Fausto
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quinta-feira, 17 de julho de 2014


Meu amor
Tem cuidado
Se a dor é um espinho
Que espeta sozinho
Do outro lado
Meu bem desvairado
Tão aflito
Se a dor é um dó
Que desfaz o nó
E desata um grito
Um mau olhado
Um mal pecado
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono
Porque não me vês
Maresia
Se a dor é um ciúme
Que espalha um perfume
Que me agonia
Vem me ver amor
De mansinho
Se a dor é um mar
Louco a transbordar
Noutro caminho
Quase a espraiar
Quase a afundar
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono


Fausto B. Dias
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