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há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

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domingo, 29 de novembro de 2015



uma onda crespa de espuma límpida e calada como chapa de vidro que desliza entre os seixos e nos molha os pés antes
de o notarmos e depois perde brilho e se dissipa

ou um suspiro de vento sob a porta
que levanta a ponta do tapete um só
momento e a deixa assentar como se
nada fosse embora tenha sido.

Ruth Fainlight
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segunda-feira, 24 de novembro de 2014


Como um pintor afastando-se do cavalete,
erguendo-se da mesa de trabalho
com o pincel cheio de tinta, para ver melhor
onde é preciso outro toque de vermelho, como
um tapeceiro ponderando se chegou
a altura de mudar o padrão, um escultor
hesitando antes do primeiro e decisivo corte,
medito um poema, repetindo palavra por palavra,
tentando entender onde é preciso alterar uma nota,
testando a respiração, o sentido e a sorte,

como quem fita a superfície de um espelho
através dos insondáveis níveis entre vidro e prata
até às pupilas dessa presença reflectida
que por cima do meu ombro emerge das suas profundezas.

Ruth Fainlight
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