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há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

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segunda-feira, 6 de novembro de 2017



A grande solidão que me penhora
os trastes com que enfeito a minha casa.
Por dentro, por fora.
Em mim e no que os meus olhos tocam
até ficar vazio,
senhor de tanto frio
e paredes brancas.

A grande solidão feita de cinzas
de cigarros fumados.
De mortos vivos.
De vivos mortos.
Onde encontrarei quem me refaça
a casa.
Lhe dê a marca
intacta
da minha solidão?
Somente paredes nuas.
Amigos mortos e vivos
na solidão.


Ruy Cinatti
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terça-feira, 10 de junho de 2014


Invade meu amor a noite antiga,
a memória eficaz, a derradeira
bem-aventurança,
sagaz querela, esperança
de reaver os frutos que ofertei,
tão disponível, como o fim do dia
cerrado aos prazeres habituais.

Fugaz, como a lembrança
de outras idades sepultadas mais,
junto de ti eu quero ter-me nelas,
vivo e literal,
reajustável ao sentir nascido
de uma criança que, sem ter morrido,
reapareceu criança igual a si.

Invade meu amor a noite antiga.
Retoma o teu lugar entre os demais
vultos que te desassossegam.
O que não sabes ter celebra ainda
a festa deslumbrante
que foram teus secretos esponsais.

Ruy Cinatti
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sexta-feira, 11 de abril de 2014

Nesta hora, enquanto te olho, lembro
Aquele sorriso aberto entre bem poucas flores de Outono.
Eu contando histórias... tu sentindo
A minha timidez cortada de olhares rápidos.
Assim foi... até que um pássaro voou cantando.
Depois, o ondular vibrante dos pinheiros,
Nossos corpos rolando
Nos planos inclinados de um sol quase a extinguir-se.
O próprio tempo esquecendo-se
De nos ver inseparados.

 

Ruy Cinatti
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