________



há o perigo de um grito lindíssimo

quando andas assim comigo no invisível




Mário Cesariny

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________


Mostrar mensagens com a etiqueta Yêda Schmaltz. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Yêda Schmaltz. Mostrar todas as mensagens

sábado, 4 de fevereiro de 2017



A mim pouco me importa
aberta ou fechada a porta,
vou entrar.

E pouco me importa estar
sendo amada ou não amada:
vou amar.

Que a mim me importa tanto
eu mesma e o sentimento,
quanto!

A mim pouco me importa
se a tua amada é doente,
se a tua esperança é morta.

E me importa muito menos
se aceitas solenemente
a nossa vida parca e torta.

Porque a mim me importaria
deixasse de ser eu mesma
e a poesia.

A mim pouco me importa
se a lira quebrou a corda:
vou cantar.

E pouco me importa estar
no picadeiro do circo:
vou rodar.

Que a mim me importa tanto
eu mesma e o sentimento,
quanto!

A mim pouco me importa
se estamos todos presos
por uma invisível corda.

E me importa muito menos
sermos todos indefesos
ante o destino que corta.

Porque a mim me importaria
deixasse de ser eu mesma
e a poesia.


Yêda Shmaltz
________________________________________________________________________________________________________________________________


domingo, 3 de julho de 2016



Os homens não me entenderam
me quiseram freira ou prostituta
me estereotiparam
nunca me aceitaram
no que sou de santa e puta.
Só fizeram mesmo foi trair
os homens que não entenderam o amor
que abre o coração
junto com as pernas.

Escrevo com o meu corpo
sobre este veneno de cobra
que os homens me impuseram.
Pois os amei, os homens
que me sujaram
e me aborreceram
com suas gravatas,
e suas bravatas.
Igual a meu pai, que me batia
com o cinturão de soldado,
e me fez civil
pra sempre.


Yêda Shmaltz
________________________________________________________________________________________________________________________________


quinta-feira, 9 de junho de 2016

*



Eu amo todo dia
e toda noite
e não durmo repetindo
te amo te amo te amo.

Vesti tua imagem na pele,
sou a sozinha que
mais tem companhia:
tua lembrança forte
na minha cama
e toda a noite
e todo o dia eu amo,
coisa mais perigosa,
flor desfeita, rosa
não desabrochada.

Eu estou desacordada
de madrugada, chorando
que te amo te amo te amo,
imaginando que estás
neste momento mesmo
amando outra pessoa
e nem lembrando que eu existo,
escrevo poesia e prosa.
Amar é isto. Uma anarquia.
Mas que dor gostosa.


Yêda Shmaltz
________________________________________________________________________________________________________________________________


domingo, 5 de junho de 2016



Quando amo, sou assim:
dou de tudo para o amado
— a minha agulha de ouro,
meu alfinete de sonho
e a minha estrela de prata.

Quando amo, crio mitos,
dou para o amado meus olhos,
meus vestidos mais bonitos,
minhas blusas de babados,
meus livros mais esquisitos,
meus poemas desmanchados.

Vou me despindo de tudo:
meus cromos, meu travesseiro
e meu móbile de chaves.
Tudo de mim voa longe
e tudo se muda em ave.

Nos braços do meu amado,
os mitos se acumulando:
um pandeiro de cigana
com mil fitas coloridas;
de cabelo esvoaçando,
a Vênus que nasceu loura.
(E lá vou eu navegando.)

Nos braços do meu amado,
os mitos se acumulando,
enchendo-se os braços curtos
e o amado vai se inflando.

— O que de mais me lamento
e o que de mais me espanto:
o amado vai se inflando
não dos mitos, mas de vento
até que o elo arrebenta
e o pobre do amado estoura.

(Nenhum amado me aguenta.)


Yêda Shmaltz
________________________________________________________________________________________________________________________________


quarta-feira, 4 de junho de 2014


E as tuas mãos tão brancas,
lindas, minhas
e inalcançáveis.
Um sonho colorido:
esta vontade de tocar a bruma do ar
e de despir
o meu vestido.

Yêda Schmaltz 
________________________________________________________________________________________________________________________________

sábado, 5 de abril de 2014

Amor, se houve, eu tive.
De lembrar o amor
em poesia,
minha alma
sobrevive.

Yêda Schmaltz
_____________________________________________________________________________________________________________________________